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Baratas Alemãs e Americanas- 10 Coisas que você Precisa Saber

Você tem medo de Baratas? Sabe o que são baratas americanas e alemãs? Quantos tipos diferentes existem no Brasil e no mundo? Elas transmitem doenças? As fezes delas são perigosas? Como são seus ovos? Todas elas são voadoras? O que atrai baratas? Qual a velocidade delas? Elas percebem o perigo? Elas viram mesmo zumbis? Elas vão sobreviver a uma bomba nuclear? Descubra agora!

Uma vez vi uma barata morta sendo desmontada por formigas, que levavam cuidadosamente cada pedaço em direção a seu formigueiro. Fiquei imaginando o que fariam com ela. Claro que a resposta óbvia pra qualquer um que gosta de ciência é que o inseto seria utilizado como alimento para os fungos que alimentam o formigueiro. Mas eu recusei essa explicação mais científica, e me pus a imaginar as formigas montando a barata de novo lá no seu laboratório secreto, e saindo por aí em seu baratomóvel recriado. Se fossem mesmo capazes de fazer isso, elas estariam conduzindo uma verdadeira máquina de Fórmula 1. Vamos descobrir um pouco mais sobre as baratas?

O que são Baratas?

As baratas são insetos que pertencem à ordem Blattodea e à família Blattidae. Seu nome vem do grego “blapto“, que é como os gregos chamavam todos os insetos que tinham asas retas e comiam de tudo. Elas possuem muitos nomes, dependendo da região: cascudas, barata de esgoto, voadoras, la cucaracha. Normalmente são vistas como uma praga, mas elas também tem uma função importante no meio ambiente que vamos falar mais pra frente.

Elas são conhecidas por sua notável capacidade de adaptação e sua presença pode ser encontrada em praticamente todos os ecossistemas do planeta, exceto nas regiões polares. Com mais de 4.500 espécies conhecidas, 644 podendo ser encontradas no Brasil, elas variam em tamanho, cor e hábitos alimentares, mas compartilham características comuns que as tornam um dos insetos com maior capacidade de sobrevivência do mundo.

Anatomia de uma Barata

A anatomia de seus corpos é simples. São achatados e resistentes, cobertos por uma cutícula que protege contra a dessecação e lesões mecânicas. Suas antenas longas e finas são usadas para detectar odores e movimentos, enquanto suas pernas ágeis permitem rápida locomoção e habilidade para escalar superfícies verticais.

A maioria das baratas possui um tom marrom avermelhado, mas existem muitas coloridas em regiões de florestas tropicais. Tons como verde, amarelo e vermelho são comuns nas que habitam florestas, conferindo a elas maior capacidade de se camuflarem para fugir dos predadores. As baratas podem variar de 4 mm até 20 cm de comprimento. As menores podem ser encontradas em formigueiros, e as maiores são mais comuns em florestas.

Espécies de Baratas

Entre as milhares de espécies de baratas, algumas das mais comuns nos ambientes urbanos são a barata germânica (Blattella germanica), a barata americana (Periplaneta americana), a barata oriental (Blatta orientalis) e a barata australiana (Periplaneta australasiae). Essas espécies têm uma forte preferência por ambientes urbanos e domésticos, buscando abrigo em locais como cozinhas, banheiros, esgotos e áreas de armazenamento de alimentos.

baratas
Há aproximadamente 5.000 espécies de baratas, sendo que 644 delas são encontradas no Brasil. As espécies mais comuns em áreas urbanas são a Barata Americana e a Barata Alemã.

Desde quando elas existem?

Não é de hoje que as baratas circulam por este planeta. Elas são um dos grupos de insetos mais antigos que existem. Vestígios de baratas foram encontrados em fósseis datados entre 300 e 400 milhões de anos. Ou seja, elas já existiam na época em que os dinossauros ainda andavam pelo planeta.

Na América do Sul indicam a presença de baratas a mais de 100 milhões de anos. Em alguns fósseis é possível identificar a espécie das baratas através das marcas deixadas pelos nervos em suas asas. Nas rochas calcárias de Santana do Cariri, no Ceará, foram identificados fósseis de baratas bastante preservadas com 112 milhões de anos.

Baratas são Mestres no Modo Sobrevivência

As baratas possuem uma notável capacidade de resistência e adaptabilidade em ambientes adversos. Conseguem reter o ar por cerca de 40 minutos, até mesmo debaixo da água. Além disso, sua estrutura corporal flexível facilita a movimentação através de fendas estreitas, o que ajuda a escapar de predadores e explorar novos habitats. Em casos de ferimentos, como a perda de um membro, as baratas jovens têm ainda a capacidade de regenerar essas partes do corpo.

Alimentação

Comida não é problema para elas, pois comem praticamente de tudo, embora tenham preferência por doces, gorduras e alimentos de origem animal. Se não conseguirem achar comida, conseguem passar até um mês sem se alimentar, e uma semana sem beber água. Caso falte realmente comida, elas podem até mesmo recorrer ao canibalismo para sobreviver.

Sentido de Perigo

Além de resistentes, as baratas também possuem um mecanismo de defesa altamente eficaz. Graças a pelos sensíveis localizados nas suas costas, elas sentem a mudança nas correntes de ar ao seu redor, avisando do perigo. Semelhante ao “arrepio do Peter” do Homem-Aranha que é mostrado no filme Vingadores: Guerra Infinita. O “arrepio da barata” é o seu sentido para o perigo, e ajuda ela a detectar perturbações no ar, dando a chance que precisam pra fugir e evitar predadores ou outras ameaças.

Barata Zumbi

Algo bastante curioso sobre sobrevivência é que uma barata consegue sobreviver por vários dias mesmo depois de cortarem sua cabeça. Mas calma, isso não faz dela um zumbi ainda. Sua sobrevivência, neste caso, ocorre porque seus centros vitais não estão localizados na cabeça, mas sim espalhados pelo corpo, permitindo-lhes manter funções básicas até que a falta de ingestão de alimentos finalmente as leve à morte.

A barata entra no modo zumbi quando ela é picada por um outro inseto, a vespa-joia. Após picada ela entra num transe e é guiada até o ninho da vespa, que deposita nela seus ovos. A barata se torna então hospedeira e futuramente alimento para os filhotes da vespa.

Outros perigos e inimigos naturais das baratas incluem as lagartixas, as formigas, escorpiões, besouros e outros microrganismos. A presença deles limitam a população das baratas, mesmo com todos os seus mecanismos de defesa. Lembre disso na próxima vez que você ver uma lagartixa na parede. Ela está do seu lado!

Baratas Velozes e Furiosas

Se bastasse elas terem um “arrepio da barata”, a velocidade delas também é impressionante! Algumas espécies são capazes de atingir velocidades de até 5 quilômetros por hora, o que é incrível considerando o tamanho do seu corpo e a sua anatomia. Isso equivale a mais ou menos 1 a 1,5 metros por segundo. Mantendo a proporção, se elas fossem quarenta vezes maior, do tamanho de um carro de 2 metros, sua velocidade seria 200 quilômetros por hora. Então não estranhe quando não conseguir pegar uma barata. Elas são rápidas mesmo!

Essa velocidade é uma adaptação crucial para sua sobrevivência, permitindo-lhes escapar rapidamente de predadores em busca de abrigo e alimentos. Suas pernas longas e ágeis, combinadas com uma habilidade excepcional de manobra, tornam ela extremamente ágil e difícil de capturar. Se as formiguinhas conseguissem mesmo remontar uma barata, ninguém se meteria mais com elas. Essa velocidade relativa às suas dimensões faz delas alguns dos insetos mais rápidos do reino animal.

baratas

Se você quiser ver uma corrida de baratas, pode visitar o Planeta Inseto, na cidade de São Paulo. Ali você verá como elas são rápidas, e poderá inclusive torcer pela sua preferida. Também poderá pegar uma na mão e fazer carinho nela. Verá que elas são bem amistosas quando não estamos tentando matá-las. Quem sabe você aprende como elas são tão rápidas e constrói o baratomóvel.

Sobreviventes, sim! Mas Bomba Nuclear?

Uma característica notável das baratas é sua capacidade de sobrevivência em condições adversas. Elas são resistentes e podem sobreviver a uma variedade de situações extremas, incluindo privação de alimentos e água, altas e baixas temperaturas e até mesmo exposição a certos produtos químicos. No entanto, uma questão que frequentemente surge é se as baratas são capazes de sobreviver a uma explosão nuclear.

A ideia de que elas são imunes à radiação e capazes de sobreviver a uma explosão nuclear é um mito popular, que surgiu durante os testes de bombas atômicas nos anos cinquenta. Conta-se que algumas pessoas teriam visto esses insetos nos lugares onde as bombas foram testadas, mas não há registros disso. Embora elas tenham uma resistência impressionante, não são indestrutíveis.

Contudo, poderiam de fato encontrar lugares onde possivelmente estariam protegidas do calor e da onda de radiação. Talvez elas consigam correr em super velocidade e se esconder. Ou talvez as sobreviventes se tornem uma nova espécie dominante do planeta. Melhor guardar as bombas!

Como elas se reproduzem?

Um dos motivos que levam as baratas a saírem de seus esconderijos é a procriação. Elas precisam encontrar um parceiro para procriarem. As fêmeas fazem isso liberando substâncias químicas chamadas feromônios, atraindo os machos. Estes se apresentam às fêmeas, e as atraem também com uma outra produção química, mas de natureza alimentar. Eles elevam suas asas, e liberam uma substância nutritiva para atrair a fêmea. Quando elas sobem em cima deles para se alimentar, eles iniciam a cópula.

A Ooteca e os Ovos de Barata

O resultado depois de algum tempo são ovos fertilizados, que ficarão protegidos dentro de um invólucro rígido chamado ooteca. Em algumas espécies de barata a fêmea carrega a ooteca durante todo o período de gestação, cuidando inclusive da alimentação das ninfas quando elas saem dos ovos. Outras preferem deixá-la em um lugar seguro, como rachaduras na parede. Essas cápsulas contêm entre 4 a 50 ovos, sendo fundamentais para a sobrevivência da espécie. Depois que nascem elas levam até 19 meses para chegarem à fase adulta.

Algumas semanas depois de botar seus ovos, uma barata já está pronta para procriar novamente. Uma barata vive em torno de 1 ano, e neste período ela pode gerar 600 a 30 mil ninfas.

Doenças transmitidas por baratas

Além de causar arrepios a muitas pessoas, as baratas também trazem riscos reais à saúde. Suas patas e fezes carregam diversos patógenos perigosos (microrganismos, incluindo bactérias, vírus e fungos), causando doenças por onde passam ou são deixados. Bactérias perigosas como a Escherichia coli e a Salmonella são frequentemente encontradas nos lugares por onde elas passam. Essas bactérias se alojam no intestino das pessoas e dos animais, e podem não dar nenhum sintoma de doença em alguns casos. Em outros provoca diarreia intensa, com presença de muco e até sangue. Em casos mais graves pode levar à morte.

Além das doenças provocadas pelos microrganismos, o contato com as fezes desses insetos e suas exúvias — as cascas abandonadas quando mudam de pele — podem provocar reações alérgicas. Elas também roem livros, tecidos e alimentos, trazendo prejuízo e contaminando-os. Estes são alguns problemas graves relacionados a estes insetos, se não pensarmos em todos os traumas emocionais que sofremos cada vez que aparece uma correndo na sala.

Como Eliminar as Baratas

Combater as baratas não é fácil, como você deve ter percebido. Elas são rápidas, têm um instinto aprimorado para detectar o perigo, se escondem em qualquer lugar e conseguem sobreviver sem comer, sem beber água e até sem respirar por um tempo. E isso não é tudo! Elas também conseguem se adaptar aos inseticidas e outros produtos químicos feitos para matá-las, obrigando a indústria a desenvolver novos pós, sprays e aerossóis de tempos em tempos.

Estes produtos são eficazes para matar baratas, assim como outros insetos, mas também colocam em risco a vida dos seres humanos e animais domésticos. Por isso tem sido substituídos por outras soluções mais naturais. Uma delas é manter predadores não nocivos aos seres humanos por perto, como lagartixas e até formigas. Outra é usar iscas com produtos nocivos às baratas aplicados de forma estratégica.

como eliminar baratas
Instruções de como Eliminar Baratas na embalagem de um tipo de iscas

Higiene Doméstica e Controle de Pragas

As iscas são feitas de substâncias atrativas para as baratas, como mel ou açúcar, e outra que é letal para as baratas depois de ingerido. Mas para serem eficazes é preciso que não existam outras fontes de alimento, por isso é importante efetuar uma boa higienização dos ambientes antes de colocar as iscas nos lugares onde elas costumam frequentar. A ausência de outras fontes irá forçá-las a buscar as iscas como alimento.

Baratas costumam entrar nas residências em busca de alimento, água e proteção. Manter o ambiente limpo e sem fontes de água ajuda a torná-lo pouco atrativo para elas. Além disso é importante eliminar caixas de papel e outros lugares onde elas poderiam se esconder. Nas pias de cozinha, cuidado com o forro de MDF que recobre a parede. São ótimos lugares para elas se esconderem.

Fazendo isso, e aplicando iscas em lugares estratégicos, irá eliminar uma boa parte de seus inimigos cascudos.

Curiosidades sobre as Baratas

Maternidade

Além de sua notória resistência, as baratas são fonte de várias curiosidades fascinantes. Por exemplo, algumas espécies de baratas são capazes de produzir leite para alimentar suas crias. Este “leite” é uma substância rica em proteínas que é secretada por glândulas no trato reprodutivo das baratas e serve como principal fonte de nutrição para as ninfas recém-nascidas.

Infestação de baratas

As baratas possuem hábitos noturnos, e normalmente só saem de seus esconderijos para procurar alimento, água ou para buscar parceiros de procriação. É muito raro ver uma de dia. Se isso acontecer, na melhor das hipóteses é porque a falta de alimentos a obrigou a se arriscar. Na pior, é porque está ocorrendo um fenômeno de superpopulação, ou seja, uma infestação de baratas, e deve ter muitas outras por perto escondidas.

Importância no Ecossistema

Outro aspecto interessante das baratas é seu papel diversificado no ecossistema. Embora não sejam tão eficientes quanto as abelhas, algumas espécies de baratas são conhecidas por visitar flores para se alimentar de néctar e pólen, contribuindo assim para a polinização de certas espécies vegetais. Elas também contribuem para a decomposição de matéria orgânica e servindo de alimento para uma variedade de animais, como pássaros, répteis e anfíbios.

Pesquisa científica sobre baratas

As baratas são objetos de estudo em diversas áreas da ciência, incluindo a robótica. E isso acontece não só pela necessidade do controle de pragas. Sua incrível agilidade, capacidade de locomoção e resistência inspiraram o desenvolvimento de robôs bioinspirados projetados para operar em ambientes adversos e realizar tarefas complexas.

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Barata “ciborgue” desenvolvida por Kenjiro Fukuda e sua equipe na Japan’s Riken Thin-Film Device Laboratory (Foto: Reprodução | https://www.riken.jp/)

Outras ciências ligadas à medicina também estudam baratas em busca de propriedades terapêuticas. Estudos desenvolvidos por cientistas alemães e russos tem desenvolvido tratamentos contra bronquite e asma baseados nestas pesquisas.

Culinária

E tem também pessoas dispostas a comer baratas! Sim, se você estiver com fome um lanchinho de barata pode ser uma boa pedida. A culinária asiática usa baratas de muitas maneiras, cruas ou cozidas, em seus pratos. No Brasil uma etnia indígena, os Chocleng de Santa Catarina, possuíam entre seus hábitos alimentares o consumo de baratas. E tem também pesquisadores brasileiros dedicados a desenvolver produtos alimentícios a base de insetos como a barata, fonte excelente de proteína.

A polêmica sobre as baratas, portanto, não tem data pra acabar. Tem quem corra delas, quem corra atrás delas, quem queira comê-las, quem tenha pavor delas, e também quem as ame. Difícil é achar alguém que as ignore!

Referências

OMOTO, C. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920p.
LENKO, K.; PAPAVERO, N. Insetos no folclore. São Paulo: Editora Plêiade, 1996. 467p.
MARICONI, F.A.M. Insetos e outros invasores de residências. Piracicaba: FEALQ, 1999. 460p.
NOLASCO, S. A vida secreta das baratas. Vetores & Pragas, v. 2, n. 5, p. 14-15, 1999.
ROBINSON, W.H. Urban entomology: Insect and mite pests in the human environment. London: Chapman & Hall, 1996. 430p.
SALMERON, E. Blattella germanica: Problemática da resistência a inseticidas. Vetores & Pragas, v. 2, n. 6, p. 17-18, 2000.

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